Análise às Equipas — Giro d'Italia
Não seria mais justo o Pogačar só ter dois ou três colegas de equipa?
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INEOS Grenadiers
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Não é que seja uma super equipa, mas tendo em conta o resto, a INEOS é bem capaz de ser a formação que, pelo menos no papel, tem mais armas para tentar contrariar Pogačar. Geraint Thomas é o líder de uma equipa versátil e com uma série de cavalos com andamento.
Pippo Ganna, Tobias Foss e Magnus Sheffield são três contrarrelogistas de classe mundial e com capacidade de trabalho em montanha — desde que não demasiado inclinada. Connor Swift é um rolador e corta-vento de excelência e Ben Swift é o delegado de turma. Sobram ainda Jonathan Narváez que terá a função de tentar ganhar etapas em late attacks, sprints em grupos reduzidos ou a partir da fuga. E Thymen Arensman será o fiel escudeiro de "G" — parece o único com pernas para estar com o galês na alta montanha e o facto de andar bem no contrarrelógio pode, facilmente, incluí-lo no top-10 final. Mas agora a sério: o melhor é apontarem a vitórias em etapas.
bitaite falso plano: Vencem três etapas (se os contrarrelógios correrem bem) e Thomas falha o pódio.
Alpecin - Deceuninck
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O ano passado, a Alpecin venceu etapas nas três grandes voltas. Este ano ambiciona repetir a façanha. Contudo, a coisa não se adivinha fácil. O leque de sprinters aqui presente é de excelência e sabemos como Kaden Groves não é propriamente um furacão. Não deixa de ser verdade que o australiano, o ano passado, conseguiu erguer os braços no Giro, numa chegada a Salerno onde bateu Milan, Pedersen e Cavendish, mas este ano um cenário parecido parece improvável — ainda que, claro, a maglia ciclamino, com um super Groves, não é impossível.
Além disso, trazem Quinten Hermans para caçar etapas e sabemos como o belga já venceu em 2024 — deve querer continuar a limpar a imagem de um 2023 bem abaixo do seu nível. Nicola Conci corre em casa e deve meter as fichas numa vitória por etapa — ou, quem sabe, na camisola da montanha. Timo Kielich deve fazer parte do comboio de Groves, mas num dia bom…
bitaite falso plano: Nada. Nicles. Zerinho. Nem vitória em etapa, nem camisola, nem nada.
Arkéa - B&B Hotels
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O oito que a Arkéa traz ao Giro é, não há como esconder, fraquinho. Jenthe Biermans e David Dekker são dois homens rápidos que vão tentar sacar um ou outro top-10 — mais do que isso seria uma tremenda surpresa. A última vitória de nível World Tour do esquadrão francês foi no dia 11 Março de 2022, quando Warren Barguil venceu em Fermo, na quinta etapa do Tirreno-Adriatico. Em 2024, Costiou e Biermans – ambos presentes — até já venceram, mas falamos de vitórias em provas de menor dimensão, em solo francês, onde a Arkéa está como peixe na água.
Aqui a fruta é outra e as trutas da equipa de Emmanuel Hubert vão correr o Tour, como é natural. Resta saber se não seria mais eficaz trazer Kévin Vauquelin, Luca Mozzato e Vincenzo Albanese ao Giro. Quem não tem cão, caça com gato: Ewen Costiou, Louis Barré e Alessandro Verre vão tentar consecutivamente a partir da fuga.
bitaite falso plano: O máximo que vão tirar daqui é um top-10 com Biermans ou Barré.
Astana Qazaqstan Team
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Esta equipa da Astana, upa upa, sim senhora, vai lá vai — e outras expressões do género que possam representar a ideia que a formação cazaque traz um leque muito interessante de corredores à Corsa Rosa.
Alexey Lutsenko é o líder e homem forte para a GC e este ano já mostrou boas pernas, tendo vencido o Giro d'Abruzzo e tendo sido oitavo na Liège-Bastogne-Liège. Só por uma vez correu o Giro (2018) e foi péssimo, ou seja, deve querer reescrever essa história.
Mas a equipa da Astana não se fica por aqui, bem pelo contrário. Lorenzo Fortunato é um trepador de qualidade que sabe o que é vencer no Giro e que, tendo em conta as aparentes aspirações de Lutsenko para a GC, pode muito bem apostar em vitórias em etapa e, quem sabe, na camisola da montanha.
A isto acrescenta-se ainda dois homens que andam que se farta e que vão ser flechas apontadas a várias etapas que se adequam ao seu perfil: Simone Velasco e Christian Scaroni. Sobram Max Kanter e Davide Ballerini para tentarem ser felizes ao sprint.
bitaite falso plano: Vitória em etapa para Velasco. Lutsenko falha top-10 por pouco.
BORA - hansgrohe
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Ai BORA, BORA… Como é que eu vos explico? Depositar toda a confiança em Dani Martínez parece coisa de gente chanfrada. O colombiano que tem um gostinho especial pelo Algarve, é um portento de irregularidade. Atenção, ninguém está aqui a dizer que o homem não sabe trepar, sabe pois, mas é um daqueles que entre si e o seu duplo nunca sabemos bem quem vamos ver correr. E isso, numa prova com três semanas, é de loucos. Boas notícias: o seu melhor resultado de sempre numa grande volta foi em terras transalpinas, quando aprese sentou, provavelmente, a melhor forma da sua carreira, servindo de gregário de luxo para a vitória de Egan Bernal em 2021. Portanto, está tudo certo: como o líder é a nova coqueluche da BORA, Florian Lipowitz, Martínez vai fazer top-5.
Quanto à restante formação, destaque para as ausências de Emmanuel Buchmann — que entretanto tratou de tornar o ambiente dentro da equipa muito saudável — e Sam Welsford — que se é verdade que tem desiludido e muito nos últimos tempos, não deixa de ser surpreendente não ser escolhido para o Giro; até porque não é no Tour que vai brilhar e a Vuelta nunca é ideal para sprinters. Danny van Poppel torna-se, então, uma carta evidente para a equipa e pode tentar atirar-se à maglia ciclamino.
Por fim, vejamos se Schachmann consegue voltar a ser feliz e vencer uma etapa (chegada Prato Nevoso, 2018, etapa 18).
bitaite falso plano: Dois ou três pódios com Danny Van Poppel. Martínez desiste. Lipowitz só Deus sabe.
Cofidis
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Estamos em Maio de 2024, a temporada começou em Janeiro, e a Cofidis tem zero vitórias. A pressão é muita e a equipa não oferece grandes esperanças. O classicómano com pernas velozes Stefano Oldani é a principal carta da formação de Cédric Vasseur e há várias etapas — não muito planas, mas não muito duras —que se adequam às suas características. Por outro lado, a integração de Oldani na equipa tem sido bastante abaixo do que já mostrou ser capaz, apenas com um par de top-10 em duas clássicas espanholas ainda estávamos em Janeiro.
Além do italiano que sabe o que é vencer no Giro, a Cofidis leva ao Giro também a experiência capilar de Simon Geschke que em ano de pousar a bicicleta deverá querer conquistar uma vitória em etapa ou levar a camisola da montanha. Vejamos se aos 38 anos ainda tem pernas para tal.
Stanisław Aniołkowski é o homem rápido da equipa e tentará alcançar um ou outro top-10 que não se adivinham fáceis.
bitaite falso plano: A Cofidis quebra a maldição e vence uma etapa com Geschke.
Decathlon AG2R La Mondiale Team
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É inegável: a maior surpresa da temporada de 2024 é a Decathlon. E é uma surpresa que parece um bloco e não tanto um ou outro destaque individual, toda a gente parece estar a voar dentro da equipa francesa. Para o Giro trazem grandes ambições — o que também significa responsabilidade. Ben O'Connor tem melhorado nos contrarrelógios e sonha com o pódio, mas 70 quilómetros de esforço individual talvez seja fruta a mais.
Andrea Vendrame é sempre um corredor a ter em conta durante o Giro. Quer seja em sprints menos massivos, quer seja em fugas, consegue sempre causar perigo. Os manos Paret-Peintre, Alex Baudin e Bastien Tronchon são outras setas apontadas à meta, enquanto não deixam de apoiar o seu líder, naturalmente.
bitaite falso plano: Ben O'Connor não termina. Valentin Paret-Peintre vence a camisola da montanha. E Alex Baudin vence uma etapa.
EF Education - EasyPost
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Já lá vão os tempos em que Esteban Chaves, o meu querido Chavito, limpava monumentos e pódios de grandes voltas e etapas e a vida era incrível e inesperada. Entretanto, é um trepador em final de carreira que persiste em não parar de pedalar.
Na equipa da EF para o Giro há ainda Jefferson Alexander Cepeda, Simon Carr, Michael Valgren, Andrea Piccolo, Stefan De Bod, Mikkel Honoré e Georg Steinhauser. Conclusão? É óbvia. A formação norte-americana está no Giro à procura de etapas. Talvez Cepeda e Carr tenham a camisola da montanha em vista, quem sabe. Andrea Piccolo faz a sua estreia no Giro e deverá ser um corredor ofensivo, ainda que a forma até aqui deixe a desejar.
bitaite falso plano: Uma vitória em etapa com Simon Carr.
Groupama - FDJ
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Como já é tradição, a Groupama de Marc Madiot guarda os maiores trunfos para correr em casa, durante a Volta a França. Ainda assim, e isso também se deve ao excelente e contínuo trabalho de recrutamento desenvolvido pela equipa francesa, este ano há uma estrela que promete brilhar. Falo de Laurance Pithie, o sprinter/classicómano neozelandês que tem sido uma das grandes revelações da temporada e que este ano já se bateu com alguns dos melhores do mundo em chegadas compactas — já para não falar do brilharete nas clássicas do empedrado.
Pithie é mais um candidato à maglia ciclamino, embora seja preciso perceber como lidar com uma corrida de três semanas e com tanta altitude — a estreia neste tipo de provas é sempre uma aprendizagem. O resto da equipa é praticamente todo formada por babysitters para Pithie: Lewis Askey, Clément Davy e Fabien Lienhard compõem um comboio robusto e experiente; Olivier Le Gac, Enzo Paleni e Germano Lorenzi devem apostar nas fugas.
bitaite falso plano: Pithie alcança dois ou três top-5.
Intermarché - Wanty
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Pois é. Biniam Girmay está de volta ao Giro d'Italia depois do incidente champanhe. E isso é motivo para celebração. Independentemente do eritreu já ter tido melhores dias na carreira, não deixa de ser sempre um corredor que anima as corridas onde se apresenta, consegue superar dificuldades que os outros sprinters não conseguem, entre outras qualidades. É, então, um dos maiores candidatos à maglia ciclamino se conseguir ombrear com os homens mais rápidos nos dias em que o pelotão chegar por inteiro.
E a Intermarché dá-lhe uma guarda de honra interessante: Adrien Petit, Dion Smith, Dries de Pooter e Madis Mihkels é um comboio bem maneirinho, uma mistura engraçada entre experiência e juventude.
Lilian Calmejane e Kevin Colleoni são os senhores das fugas, responsáveis por dar à equipa belga um maior destaque televisivo.
bitaite falso plano: Girmay faz pódio na terceira e quarta etapa.
Israel - Premier Tech
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Estamos em Maio e a Israel - Premier Tech já leva 15 vitórias no bucho. É certo que muitas delas são na Volta ao Ruanda e na Volta ao Taiwan, mas quatro das 15 são conquistas em terreno World Tour. Em 2023, para que se tenha uma noção, a equipa de Sylvan Adams e Ron Baron só alcançou 12 vitórias em toda a temporada e apenas uma foi de nível World Tour — Woods na Volta à França. De resto, o corredor canadiano é a grande aposta para este Giro — se os contrarrelógios tratarão de o excluir de uma boa classificação geral, o número de etapas que podem assentar-lhe é bastante elevado, mais ainda com um traçado que sugere que as diferenças entre primeiros classificados vão, desde cedo, ser enormes.
Nick Schultz, Simon Clarke e Marco Frigo são outros dois nomes para tentarem sacar mais uma vitória em etapa para a Israel em terrenos mais exigentes. Ethan Vernon e Hofstetter ficarão com os sprints, mas com tanta truta presente não devem ter grande hipótese.
bitaite falso plano: Woods vence duas etapas. E já não é nada mau.
Lidl - Trek
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A Lidl - Trek continua a dar sinais de ser uma equipa esclarecida, com as prioridades bem definidas, mania de equipa grande, que se agiganta a cada prova. Um exemplo disso é a forma lógica como abordam esta edição da Volta a Itália. O líder é Jonathan Milan — foi contratado para este efeito, é italiano, um dos melhores sprinters do mundo e venceu a ciclamino em 2023. E se assim é, toca a pensar numa equipa que sirva os intuitos do seu patrão. Daan Hoole, Edward Theuns, Jasper Stuyven e Simone Consonni é um super comboio, bem distribuído e que vai colocar Milan, várias vezes, no sítio certo para disputar a vitória.
Os restantes elementos da formação norte-americana são Andrea Bagioli que parece ainda estar a adaptar-se à equipa; Juan Pedro López que vem de uma super semana na Volta aos Alpes e será por isso a aposta da Lidl para uma eventual GC ou boas prestações nas etapas montanhosas; e ainda Amanuel Ghebreigzabhier que deve tentar andar escapado de olhos postos numa vitória em etapa.
bitaite falso plano: Milan vence duas etapas. Juan Pedro López faz top-50.
Movistar Team
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Não passou de uma miragem. Ruben Guerreiro fazia parte da pré-selecção da Movistar para o Giro, mas entretanto chapéu. Esta mudança para a turma de Eusebio Unzué não está a ser propriamente feliz.
A equipa espanhola apresenta-se em Itália com as esperanças apontadas na ressurreição de Nairo Quintana. O colombiano venceu esta prova há já dez anos, senhores, uma década, 2014. Portanto, qualquer resultado que passe pelo top-10 é uma bênção. E na realidade, uma aposta na camisola da montanha talvez fizesse mais sentido.
No que à montanha diz respeito, Einer Rubio é outro nome com créditos firmados. E mais: o ano passado foi 11.º e venceu a etapa 13.
Pelayo Sanchéz teve um início de temporada fantástico e tentará vencer a partir da fuga. Will Barta é um lógico candidato a top-5 nos dois contrarrelógios. E Gaviria, Cimolai e Torres são um comboio de sprint sem estação de destino.
bitaite falso plano: Gaviria faz um top-10. Cimolai faz outro.
Soudal Quick-Step
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A Soudal Quick-Step é agora uma equipa de grandes voltas. Não é? Eu acho que é, ou pelo menos convém que seja equipa de alguma coisa. Bom, a GC é para esquecer. Mas Jan Hirt e Mauri Vansevenant podem bem esgrimir argumentos por vitórias em etapas. E depois é contar com Merlier, o sprinter mais em forma presente nesta startlist — Lamperti, Van Lerberghe, Serry e Černý (este último com a possibilidade de fechar top-5 nos dois contrarrelógios).
Quanto a Julian Alaphilippe… Enfim, é difícil perceber a sua inclusão nesta prova. Não há aqueles finais com muritos ao jeito dos puncheurs e por isso a fuga é a melhor alternativa; vá, num cenário mais rocambolesco um ataque feroz na etapa 4, em que o Capo Mele está inseridos nos últimos cinco quilómetros, mas mesmo isso…
bitaite falso plano: Merlier vence, pelo menos, três etapas.
Team dsm-firmenich PostNL
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A dsm-firmenich PostNL decidiu colocar Fabio Jakobsen a ler o jornal como forma criativo de apresentar a sua formação. E não falharam por muito: o sprinter neerlandês tem feito pouco mais do que ficar a ler o jornal. Foi contratado por um camião de dinheiro, para ser o líder e figura maior da estrutura e os resultados teimam em aparecer — a primeira vitória surgiu apenas na Volta a Turquia onde acabaria por ver o seu parceiro e suposto lançador Tobias Lund Andresen vencer três etapas e sagrar-se o vencedor da camisola por pontos. Ou seja: até na Turquia, com uma startlist fraca, Jakobsen não foi o melhor. Claro que isto pode, e provavelmente deve, ser encarado como um toma-lá-dá-cá, mas para Lund Andresen conseguir retribuir é preciso que Jakobsen consiga vencer perante um leque de sprinters que estão claramente acima do seu nível atual. É esperar para ver.
Felizmente, a dsm tem mais fichas. Nomeadamente, Romain Bardet, um corredor que se apresenta aqui como claro candidato ao segundo lugar da classificação geral. Depois de uma Liège-Bastogne-Liège de alto nível, o francês parece querer vir acertas contas com La Corsa Rosa, onde, em 2022, era claramente um dos melhores em prova até um problema gástrico o obrigar a desistir. Vermaerke, Leemreize e Chris Hamilton são três escudeiros interessantes. Oxalá os teus intestinos não te voltem a atraiçoar, Romain.
bitaite falso plano: Bardet faz top-5 com uma vitória em etapa.
Team Jayco AlUla
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O Giro de 2023 foi um Giro de lindas memórias para a Jayco. Eddie Dunbar foi sétimo à geral e chegou a andar com os melhores na alta montanha — quarto classificado na 16.ª etapa vencida por João Almeida no Monte Bondone. Michael Matthews venceu uma etapa e Pippo Zana outra. Barrigada.
Não vai ser fácil repetir a façanha, mas a equipa é talentosa: Luke Plapp para liderar (ainda que sobrem dúvidas quanto às suas reais capacidades neste tipo de esforço); Dunbar, Zana e De Marchi para ajudar Plapp/atacar etapas/montanha — e quem sabe se não vemos ressurgir um bom Dunbar; e ainda Caleb Ewan com um duplo leadout de grande nível distribuído por Luka Mezgec e Max Walscheid.
bitaite falso plano: Uma vitória em etapa com Zana, Plapp faz top-20.
Team Polti Kometa
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O projecto de ciclismo de Ivan Basso e Alberto Contador tem nesta edição do Giro o seu momento alto da temporada. Em 2023, Davide Bais aproveitou a ventania no Campo Imperatore para sacar uma inédita e celebrada vitória para a então EOLO-Kometa — numa das mais aborrecidas chegadas em alto de sempre no que diz respeito a grandes voltas.
Entretanto, o nome da equipa reconfigurou-se mas os objectivos são os mesmos: a Polti Kometa vem ao Giro para ganhar uma etapa — eles que este ano já levam quatro conquistas em provas menos relevantes via Jonathan Restrepo, Davide Piganzoli e Giovanni Lonardi. Os dois últimos são de longe duas das maiores mais-valias do conjunto italiano para La Corsa Rosa. O primeiro foi terceiro no Tour de l'Avenir 2023 e é um corredor dotado na montanha, vejamos como corre a estreia nos grandes palcos. Lonardi é o sprinter da casa, cujas ambições devem ser tentar infiltrar-se em alguns top-10.
Matteo Fabro é, provavelmente, o líder da Polti. Depois de quatro anos na BORA, o trepador italiano traz experiência à equipa e vontade nas pernas. E ainda, como não podia deixar de ser, teremos de contar com os manos Bais para não passarem um quilómetro junto ao pelotão — só vão correr nas fugas e são naturais candidatos ao prémio combatividade.
bitaite falso plano: Mattia e Davide Bais vão ser os corredores que vão passar mais horas escapados.
Team Visma | Lease a Bike
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O Verão foi quente na Visma. E quando a novela começou a perder fulgor e Cian Uijtdebroeks foi escalado para o Giro — ainda nem se sabia que Tadej Pogačar ia querer brincar a isto — o primeiro impulso foi o de pensar que o prodígio belga podia ter uma palavra a dizer no que à vitória final diz respeito.
Passaram já alguns meses e o impulso perdeu ímpeto. Uijtdebroeks tem feito uma adaptação modesta à Visma e os seus resultados no contrarrelógio — quando se perspetivava uma melhoria pela transferência para a formação neerlandesa, como quase sempre acontece com a performance dos corredores que encontram aqui nova casa — ainda se tornaram piores. Perdeu um minuto e dez para Juan Ayuso num contrarrelógio de dez quilómetros no Tirreno-Adriatico e isso é profundamente assustador, sobretudo se acreditarmos que é esse nível de performance que vai obter nesta Volta a Itália com quase 70 quilómetros de esforço individual.
Mas um mais um nem sempre são dois. E a concorrência não é incrível. Por isso, permitamo-nos desconfiar. Não é todos os dias que um corredor da qualidade de Uijtdebroeks aparece no pelotão internacional, por isso, vamos esperar para ver se será capaz de recuperar algum do tempo perdido nos contrarrelógios e infiltrar-se nos primeiros lugares da GC.
A outra estrela da companhia é naturalmente Olav Kooij. Em estreia em grandes voltas, o sprinter quererá começar por sacar uma vitória e depois, com as pernas mais leves e uma pressão menor, partir para mais alguma. É um dos homens mais rápidos aqui presentes e será, a meu ver, o responsável pelas maiores alegrias da Visma nestas três semanas. Terá Tim Van Dijke, Laporte, Affini e Tratnik no seu comboio, o que convém dizer, é bem bom. Além disso, há Attila Valter e Robert Gesink para terrenos mais exigentes. Uma coisa é certa: esta formação da Visma é multifacetada, cobre vários cenários e tem gente de muito talento para caçar etapas: pensemos em Kooij, Laporte, Tratnik e Valter.
bitaite falso plano: Três etapas: Kooij, Tratnik e Uijtdebroeks, que fecha pódio.
Tudor Pro Cycling Team
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Pois é, a Tudor começa, gradualmente, a aproximar-se dos mais elevados níveis do ciclismo internacional. Esta é a sua estreia em grandes voltas e pode ser uma estreia em grande estilo. Matteo Trentin é o patrão da equipa e deve tentar surpreender de longe, enquanto serve de leadout àquele que maiores probabilidades tem de vencer uma etapa para a formação helvética: Alberto Dainese. O sprinter italiano venceu uma etapa em cada uma das últimas duas edições e promete tentar repetir o feito. Além de Trentin, terá Marius Mayrhoffer, Robin Froidevaux e Alexander Krieger no seu comboio, um comboio com muita rotação, diga-se. Alexander Kamp e Florian Stork tentarão surpreender através das fugas ou de late attacks e Michael Storer quer dar seguimento à boa temporada: talvez seja desta que ataca a classificação geral.
bitaite falso plano: Trentin fica perto da vitória, mas sem sucesso. Dainese vai desiludir, mas ainda arrecada uns top-10.
UAE Team Emirates
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Então, é Tadej Pogačar. E basta. Bom, também há Majka, Grosschartner e Novak para ajudar, se for preciso, mas em princípio não é preciso e com jeitinho ainda fazem os três top-10 — ok, se calhar estiquei um bocado a corda. Ah também há Bjerg, o todo-o-terreno. E Molano, que lançado por Rui Oliveira, não sei não…
E é isto. Não há muito mais a acrescentar, é tudo do Tadej. E o facto de a Emirates trazer apenas os três gregários acima mencionados diz muito sobre a expectativa de domínio do esloveno.
bitaite falso plano: Pogačar vence a Volta a Itália com uma distância enorme, fica de rosa os 21 dias e vence 9 etapas.
VF Group - Bardiani CSF - Faizanè
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Aos 41 anos Domenico Pozzovivo parte para o seu décimo oitavo Giro d'Italia. E este será mesmo o seu último. É por isso, naturalmente, o grande destaque da Bardiani. Um top-10 e uma etapa era um final feliz para o pequeno trepador que em 2018 obteve na Corsa Rosa o seu melhor resultado: quinto classificado. Os melhores dias já passaram, portanto, até uma vitória em etapa, numa etapa bem acidentada e com chegada em alto, seria suficiente.
Giulio Pellizzari — segundo classificado e vencedor de etapa no Tour de l'Avenir 2023 — vem de uma bela prestação na Volta aos Alpes e vai ser seguramente um corredor ofensivo. Covili e Tonelli é contar com eles para as fugas, provavelmente todas as fugas. Fiorelli e Zanoncello são os homens rápidos da equipa transalpina, o primeiro para dias mais duros, o segundo para sprints massivos.
bitaite falso plano: Pozzovivo falha o final feliz. Pellizzari entra na luta pela camisola da montanha, mas não consegue vencer.
Bahrain - Victorious
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Aos 22 anos, Antonio Tiberi chega ao Giro no melhor momento da sua carreira. O talento italiano deu excelentes indicações na Vuelta 2023 e as boas pernas seguiram para a nova época. A Bahrain, sem medo, assume Tiberi como líder, ainda que tenha no seu oito Damiano Caruso. Caruso sabe o que é brilhar no Giro (foi segundo em 2021 e quarto em 2023), mas aos 36 anos o capitão da Bahrain parece lidar bem com a passagem de testemunho — além disso, colocar-se ao serviço de Tiberi não quer dizer que não vença uma etapa ou não feche top-10.
O trator alemão, Phil Bauhaus, assumirá os sprints da equipa lançado por Andrea Pasqualon e Jasha Sütterlin.
bitaite falso plano: Tiberi faz pódio. Caruso faz top-10. Bauhaus não leva nada.