Análise às Equipas — Giro d'Italia

Análise falso plano às 22 equipas presentes nesta edição do Giro d'Italia. Enviesada e com algum grau de inclinação tuga-jihadista.

Análise às Equipas — Giro d'Italia
Giro d'Italia

Soudal - Quick Step

Soudal - Quick Step

O Wolfpack chega à Grande Partenza com um objetivo muito claro: conquistar a segunda grande volta consecutiva com Remco Evenepoel. O belga tem um percurso que o favorece, com 68 quilómetros de contrarrelógio mas vai ser testado ao limite nas etapas mais duras em altitude. O campeão do mundo evoluiu muito neste aspeto e veremos como se aguenta. Para se sentar na mesma mesa de Pogačar e Vingegaard tem de passar neste exame.

O seu principal escudeiro é Ilan Van Wilder, que deve acompanhá-lo até aos momentos decisivos. O promissor jovem belga tem mostrado boa forma nesta temporada: foi 3.º no Algarve e portou-se bem nas Ardenas. Jan Hirt — triunfo em etapa e 6.º na GC em 2022 — foi o grande reforço da Quick Step para o bloco de Remco na montanha; veremos em que forma se apresenta.

Pieter Serry e Louis Vervaeke, que participaram na conquista da Vuelta no ano passado, são gregários da confiança de Evenepoel. Davide Ballerini e Josef Černý serão fundamentais na proteção do seu líder nas etapas planas enquanto que Mattia Cattaneo será útil nas etapas com mais dureza. Surpreende a ausência de Fausto Masnada, um dos corredores mais queridos da jihad tuga.

Bitaite falso plano: Pódio, atrás do João Almeida, e duas vitórias para o campeão do mundo.

AG2R Citroën Team

AG2R Citroën Team

A equipa chefiada por Laurent Biondi apresenta-se no Giro tendo como principal objetivo a melhor classificação geral possível com Aurélien Paret-Peintre.

Um top-15 é um objetivo realista e até mesmo um top-10 final não surpreenderia os menos desatentos. A ex-jovem promessa do ciclismo francês está a fazer uma boa temporada: 2.º n0 Tour dos Alpes Marítimos, 13.º na Faun-Ardèche, 11.º no Paris-Nice — com uma queda pelo meio, e na etapa da La Loge des Gardes chegou antes de voltistas de topo como Vingegaard, Martínez e Yates —, 13.º no Tour dos Alpes — excelente trabalho para Felix Gall, cuja ausência é a grande surpresa da equipa — e 18.º na Liège-Bastogne-Liège.

Além do foco no seu líder, há o objetivo da vitória em etapa. Andrea Vendrame é o nome mais credenciado para o concretizar: já terminou 16 etapas no top-10, vencendo em Bagno di Romagna em 2021.

Mikaël Cherel, o veterano capitão da equipa, chefiará este bloco jovem que conta com três estreantes em grandes voltas: Alex Baudin (21 anos), Paul Lapeira (22 anos) e Valentin Paret-Peintre (22 anos). Nicolas Prodhomme e Larry Warbasse completam o bloco.

Bitaite falso plano: Paret-Peintre cumpre o top-15 e Vendrame fica perto mas falha a conquista de uma etapa.

Alpecin-Deceuninck

Alpecin-Deceuninck

Esta é a terceira participação da Alpecin-Deceuninck que, nas duas presenças anteriores, conquistou sempre etapas. Em 2022 Mathieu van der Poel envergou a maglia rosa nas primeiras etapas.

O objetivo é não haver duas sem três e para isso confiam em Kaden Groves, que já soma três triunfos este ano e sabe o que é ganhar em grandes voltas — venceu uma etapa na Vuelta no ano passado, ainda ao serviço da Jayco. O sprinter australiano conta com um longo comboio composto por Alexander Krieger, Senne Leysen, Oscar Riesebeek, Kristian Sbaragli e o ex-Groupama, Ramon Sinkeldam.

Stefano Oldani está a fazer uma temporada discreta mas costuma aparecer nos grandes momentos com a sua veloz ponta final. O italiano bateu Lorenzo Rota na 11.ª etapa da última edição. Nicola Conci também joga em casa e vai ter oportunidades nas etapas com alguma dureza.

Bitaite falso plano: Duas vitórias para Groves, que dá sequência ao bom momento da Alpecin.

Astana Qazaqstan Team

Astana Qazaqstan Team

A Astana é a equipa com maior média de idade, e isso não surpreende, uma vez que contam com dois dos corredores mais velhos da startlist: Mark Cavendish e Luis León Sánchez.

O britânico, que já triunfou 16 vezes neste competição, uma delas no ano passado, é o cabeça de cartaz da equipa cazaque. É surpreendente a falta de um lançador como Cees Bol no comboio — qual comboio? — do Manx Missile.

Sem qualquer expectativa em termos de GC, a equipa cazaque vai tentar conquistar a primeira vitória WT em 2023. Num dia bom, Samuele Battistella, Joe Dombrowski — venceu em Sestola no Giro em 2021 —, Simone Velasco — venceu em Valência no início do ano — e Christian Scaroni, podem triunfar.

Luisle e Gianni Moscon já não apresentam a pujança de outrora. Vadim Pronskiy é o representante do Cazaquistão. Este bloco, dada a má forma dos seus integrantes, não gera qualquer tipo de entusiasmo.

Bitaite falso plano: Fiasco completo da pior equipa do ano até à data.

Bahrain - Victorious

Bahrain - Victorious

Mais uma grande volta, mais uma ocasião para a Bahrain se apresentar com vários voltistas competentes. À partida, e na teoria, Jack Haig será o líder. Na prática, serão as estradas transalpinas a ditar qual é o mais forte. Santiago Buitrago, Damiano Caruso e Gino Mäder* são as alternativas, de luxo diga-se.

O australiano tem feito uma época consistente e em crescendo: 11.º na Andaluzia, 10.º no Paris-Nice e 3.º no Tour dos Alpes. O jovem colombiano de 23 anos, que venceu uma etapa na última edição, continua a sua evolução e este ano já conta com uma série de bons resultados como os 3.ºs lugares em Omã e na Andaluzia e o 8.º no Alpes — ao serviço de Jack Haig —, que culminam no surpreendente 3.º lugar na Liège-Bastogne-Liège, apenas atrás dos especialistas Evenepoel e Pidcock. O italiano, 2.º classificado em 2021, atrás de Bernal, terminou recentemente a Romandia no pódio. O suíço* é aquele que tem tido o ano menos fulgurante, ainda assim já conseguiu um sólido 5.º lugar no Paris-Nice.

Edoardo Zambanini, corredor italiano de 22 anos, é mais um trepador dentro deste bloco forte na montanha. O jovem Jonathan Milan, lançado pelo veterano Andrea Pasqualon e por Jasha Sütterlin, vai estar atentos às oportunidades nas etapas planas.

*Yukiya Arashiro, que substituiu Gino Mäder — covid positivo —, completa o 8 da Bahrain.

Bitaite falso plano: Top-10 para Caruso e etapa para Buitrago.

BORA - hansgrohe

BORA - hansgrohe

A equipa vencedora em 2022 com Jai Hindley desta vez parte com um líder inequívoco: Aleksandr Vlasov. A revalidação do título é uma missão difícil tendo em conta a concorrência e a inconsistência do ciclista russo.

Quem não falha é a outra estrela da equipa, Lennard Kämna, que já picou o ponto no Tour dos Alpes, depois de já ter surpreendido com o 4.º lugar no Tirreno-Adriatico, que chegou a liderar por um dia. O alemão vai dividir o seu tempo entre o suporte a Vlasov e a sua especialidade: caçar etapas.

Quem está em boa forma é Patrick Konrad, que vem de um 8.º lugar na Liège-Bastogne-Liège e de um surpreendente 2.º posto na Eschborn-Frankfurt. Bob Jungels tem tido um ano discreto mas irá certamente ter oportundade para tentar a sua segunda vitória no Giro, quando o seu líder permitir. Os restantes elementos são corredores que dão garantias em três semanas: Giovanni Aleotti, Cesare Benedetti, Nico Denz e Anton Palzer.

Bitaite falso plano: Top-5 para Vlasov e etapa para Lennard Kämna.

Cofidis

Cofidis

Já se sabe que a Cofidis dá primazia ao Tour mas fica a sensação que podiam ter caprichado mais na seleção dos corredores para esta edição do Giro. Jesús Herrada e Victor Lafay, por exemplo, são corredores que ganharam recentemente e que colocariam a equipa noutro patamar.

O destaque acaba por ser o homem rápido da equipa, Simone Consonni, que, lançado por Davide Cimolai, terá a possibilidade de conquistar uma etapa na grande volta do seu país. Isto, claro, se Cimo não surpreender como em 2021, ano em que desatou a fazer pódios e por pouco não roubou a maglia ciclamino a Peter Sagan.

Rémy Rochas e Jonathan Lastra são corredores com uma boa ponta final, na fuga certa podem surpreender. Os outros corredores escalados são franceses e chamam-se François Bidard, Thomas Champion, Alexandre Delettre e Hugo Toumire.

Bitaite falso plano: Consonni vai estar bem nos sprints mas sem conseguir triunfar.

EF Education-EasyPost

EF Education-EasyPost

A EF apresenta-se mais uma vez com um equipamento especial, desta vez relacionado com a sustentabilidade ecológica. O que não é sustentável é a demora da equipa americana em oficializar a equipa, cumprindo como sempre o lema Education First, team lineup last. Mas enfim, vamos confiar na startlist provisória.

Rigoberto Urán e Hugh Carthy são os líderes à partida. O Touro de Urrao não corre desde o País Basco enquanto que o trepador britânico parece estar em melhores condições para assumir a GC — 8.º no Tirreno e 2.º nos Alpes.

Magnus Cort é a superstar da equipa. É capaz do pior e do melhor. No último Giro foi uma desilusão e depois acabou por ser uma das estrelas do Tour, que começou na Dinamarca. Diz que este ano está melhor comparativamente com o ano transacto.

Por falar em superstar, eis a nova coqueluche da equipa, a estrela irlandesa em ascenção: Ben Healy. O pino virou ciclista de culto. Eis o seu curriculum vitæ só em 2023: 3.º no Trofeo Calvia — conquistado por Rui Costa —, 3.º na Semana Internacional Coppi e Bartali, 1.º no GP Industria, 5.º no Tour de Loire, 2.º na Flècha Brabançonne, 2.º na Amstel Gold Race e 4.º na Liège-Bastogne-Liège.

Jefferson Cepeda, como sempre, apresenta-se bem nas corridas pré-Giro — 4º nos Alpes — e depois desilude em toda a linha, deixando os fantasistas que confiaram nele frustrados e com vontade de cortar um pulso. Este ano vai ter de ser o direito. Jonathan Caicedo é o outro trepador equatoriano da equipa.

Stefan de Bod é o modelo fotográfico da equipa e Alberto Bettiol é o representante transalpino no bloco da EF. Veremos como se apresentará o italiano, que não competiu no último mês.

Bitaite falso plano: Top-10 para Hugh Carthy e uma vitória para Magnus Cort.

EOLO-Kometa

EOLO-Kometa

A EOLO-Kometa participa pelo terceiro ano consecutivo no Giro d'Italia. Em 2021 surpreenderam tudo e todos com a vitória de Lorenzo Fortunato no Monte Zoncolan. O trepador italiano está com a moral em alta depois de ter brilhado nas últimas duas semanas: foi 5.º nos Alpes e 1.º nas Astúrias.

Quem também esta a andar muito é Vincenzo Albanese: conquistou a camisola dos pontos na Volta à Sicília, onde fechou pódio na geral e nunca falhou o top-5 nas quatro etapas disputadas. Nas Astúrias voltou a conquistar a camisola dos pontos, com dois segundos lugares, ganhando o sprint do pelotão nas duas ocasiões.

O capitão Francesco Gavazzi, que se retira no final do ano, faz aqui o seu último Giro. Davide Bais, Mattia Bais, Erik Fetter e Mirco Maestri voltam a estar na Grande Partenza e vão querer mostrar-se. Diego Sevilla, de 27 anos, está na EOLO desde júnior e faz finalmente a sua estreia em grandes voltas.

Bitaite falso plano: A equipa surpresa desta edição. Vitórias para Fortunato e Albanese.

Green Project-Bardiani CSF-Faizanè

Green Project-Bardiani CSF-Faizanè

A equipa italiana Pro Continental participa pela quadragésima primeira vez no Giro d'Italia. Com corredores com diferentes características, espera-se que estejam muito ativos nas fugas em todos os tipos de etapas.

Filippo Fiorelli é o homem designado para disputar os sprints. Samuele Zoccarato é o corredor que soma mais quilómetros em fuga em 2023: soma já 1200 quilómetros, e este número deve aumentar substancialmente nas próximas semanas. Luca Covili, Davide Gabburo e Alessandro Tonelli já são conhecidos nestas andanças e os jovens Filippo Magli, Martin Marcellusi e Henok Mulubrhan — vencedor do Tour do Ruanda — estreiam-se em grandes voltas.

Bitaite falso plano: Muitas horas de prime time que devem deixar os patrocinadores contentes.

Groupama - FDJ

Groupama - FDJ

O último Giro de Thibaut Pinot. É uma prova agridoce para o francês que teve sempre bons desempenhos mas não nunca acabou bem: em 2017 foi 4.º, saindo do pódio após o contrarrelógio na vigésima primeira etapa e em 2018 teve de abandonar por doença após a vigésima etapa, que terminou heróicamente, quando à partida para a mesma estava em 3º a apenas sete segundos de Carapaz. O mítico voltista de Lure vai retirar-se no final desta temporada que está a realizar a um nível altíssimo: 6.º na Etoile de Bessèges, 5.º na Classic Grand Besançon Doubs, 2.º no Tour du Jura Cycliste, 2.º no Tour du Doubs e 5.º na Volta à Romandia — 2.º no Thyon 2000, a etapa rainha, apenas atrás de Adam Yates.

Stefan Küng é um dos favoritos à vitória no contrarrelógio inicial, pelo que sonha envergar a maglia rosa. Rudy Molard está a fazer uma temporada consistente e deverá ser o principal escudeiro de Pinot. Jake Stewart é o homem rápido da equipa e conta com a proteção de Bruno Armirail, Fabian Lienhard, Ignatas Konovalovas e Lars van den Berg.

Bitaite falso plano: Maglia azzurra para Pinot Noir.

INEOS Grenadiers

INEOS Grenadiers

O conjunto britânico tem dominado esta competição nos últimos anos: conquistaram a maglia rosa por três vezes nos últimos cinco anos — Froome (2018), Geoghegan Hart (2020) e Egan Bernal (2021). Na última edição Richard Carapaz deixou escapar o bis na penúltima etapa, após seis dias de rosa.

Voltam a apresentar-se com um bloco muito forte, mas sem um líder ao nível de Roglič e Evenepoel, por exemplo. Contam, no entanto, com dois vencedores de grandes voltas: Geraint Thomas (Tour'18) e Tao Geoghegan Hart (Giro'20). O primeiro ainda não se mostrou ao mais alto nível nesta temporada, mas todos nós sabemos como ele gere o seu pico de forma minunciosamente. Não pode ser descartado. O segundo está a fazer a melhor e mais consistente temporada da carreira com três vitórias em etapas e bons resultados em provas de uma semana: 3.º em Valência, 6.º na Andaluzia, 3.º no Tirreno e 1.º nos Alpes.

Thymen Arensman está a ter um início atribulado na INEOS, ainda sem ter conseguido estar perto do nível apresentado no ano passado, onde brilhou no Giro e na Vuelta, ainda ao serviço da DSM. A expectativa é que se destaque na terceira semana. Já Pavel Sivakov está a ter uma temporada anómala — muito regular e ainda sem qualquer acidente —, quase sempre ao serviço de outro líder. Foi 5.º na Etoile de Bessèges, 10.º na Andaluzia, 9.º no Paris-Nice, 7.º nos Alpes e 14.º na LBL.

Filippo Ganna, que se destacou na Milano-Sanremo e em Paris-Roubaix, tem como grande objetivo envergar a maglia rosa. E depois do que vimos no Alto Colorado e no Alto do Malhão, boa sorte para lha retirarem.

Salvatore Puccio e Ben Swift, que ajudaram na vitória de Geoghegan Hart em 2020, completam o 8 da INEOS.

Bitaite falso plano: Voo de Top Ganna e respetiva maglia rosa na primeira etapa e vitória na terceira semana para Arensman. Na geral, top-5 para Geoghegan Hart e top-10 para Sivakov.

Intermarché - Circus - Wanty

Intermarché - Circus - Wanty

Repetir o sucesso do ano passado, com duas etapas conquistas e dois top-10 na geral, é missão praticamente impossível. Este ano terão de contentar-se em caçar etapas e um triunfo já seria um Giro positivo para a equipa belga.

O italiano Lorenzo Rota parece ser o mais credenciado a conseguir tal feito, apesar de ainda não ter qualquer vitória no WT até à data.

Niccolò Bonifazio e Arne Marit, os homens rápidos da equipa, terão a responsabilidade de discutir as etapas ao sprint enquanto que Rein Taaramäe e Simone Petilli estarão atentos a oportunidades nas etapas mais duras. Sven Erik Bystrøm, Laurens Huys e Laurenz Rex fecham o bloco da Intermarché.

Bitaite falso plano: Vitória para Lorenzo Rota.

Israel - Premier Tech

Israel - Premier Tech

A Israel - Premier Tech apresenta-se no Giro, que se inicia em Abruzzo, terra do patrocinador Fantini, com um conjunto que mistura veterania e juventude e tem dois objetivos muito claros: uma boa classificação geral com Domenico Pozzovivo e a conquista de uma etapa.

O quarentão italiano vai tentar repetir o top-10 do ano passado, ano em que também, incompreensivelmente, só conseguiu um contrato no WT já numa fase adiantada da temporada.

Os outros destaques da equipa são Simon Clarke, que pode completar a trilogia em grandes voltas — venceu na Vuelta em 2012 e 2018 e no Tour em 2022 — e o trepador americano Matthew Riccitello — o mais jovem da startlist — que está a fazer uma temporada muito consistente.

O bloco completa-se com Derek Gee, Stephen Williams e Mads Würtz Schmidt, além das duas jovens promessas Sebastian Berwick e Marco Frigo.

Bitaite falso plano: O velhinho Pozzo não está morto vai fazer mais um top-10.

Jumbo-Visma

Jumbo-Visma

O enxame da Jumbo foi atacado novamente pela Covid-19 e conta com algumas substituições de última hora. Além de Wilco Kelderman, também Tobias Foss e Robert Gesink tiveram de sair da startlist. Na teoria o bloco continua forte, apesar de haver dúvidas sobre a forma atual de alguns elementos.

Há um que não engana. Primož Roglič está em grande forma, como sempre. O segundo melhor ciclista esloveno da atualidade arrasou a concorrência nas duas provas em que participou: Tirreno-Adriatico (GC + 3 etapas) e Volta à Catalunha (GC + 2 etapas).

Sepp Kuss deverá ser fundamental na terceira semana. O trepador americano não começou mal a temporada com o 5.º lugar no UAE Tour. O inconstante Rohan Dennis é a maior incógnita da equipa. Se for a versão do Giro 2020 então dificilmente alguém conseguirá acompanhar Primož Roglič na terceira semana. Koen Bouwman, o MIP da última edição, com duas vitórias e a maglia azzurra, também deverá ser um elemento importante nas etapas mais duras.

Edoardo Affini e Jos van Emden* são as locomotivas da equipa para as etapas planas e ajudarão a dar referências a Roglič nos contrarrelógios. Jan Tratnik, o segundo melhor esloveno da equipa, é o "faz-tudo".** O talento alemão da formação da Jumbo, Michel Hessmann, faz aqui a sua estreia em grandes voltas.

*Mais um caso de covid na equipa. Sam Oomen, que já fez 9º em 2018, substitui Jos van Emden.

**Jan Tratnik envolveu-se num acidente durante um treino na véspera da etapa inaugural. O esloveno será substituido pelo jovem britânico Thomas Gloag.

Bitaite falso plano: Duas vitórias e pódio para Primož Roglič, atrás do João Almeida.

Movistar Team

Movistar Team

Lembram-se da última vez que a Movistar se apresentou numa grande volta encabeçada por um sprinter de referência? Eu também não. E em boa verdade, após a vitória com Richard Carapaz em 2019, o conjunto telefónico tem levado blocos bastante fracos e sem grandes objetivos até Itália. Zero vitórias e zero top-10 nas últimas três edições.

Relativamente a vitórias em etapas, este ano isso pode mudar. Desde que se mudou para a Movistar, Fernando Gaviria, que já venceu por cinco vezes no Giro entre 2017 e 2019, renasceu e soma já duas vitórias entre múltiplos pódios. Will Barta, Max Kanter, José Joaquín Rojas e Albert Torres compõem o comboio dedicado a levar o colombiano à vitória e quem sabe à conquista da maglia ciclamino.

Einer Rubio — triunfou em Jebel Jais, no UAE Tour, e foi 2.º nas Astúrias na última semana—, Óscar Rodríguez e Carlos Verona terão liberdade para tentar a vitória e até mesmo aquele posto no top-15 final, a uma hora do vencedor.

Bitaite falso plano: O bom momento de Gaviria continua com a conquista de uma etapa.

Team Arkéa Samsic

Team Arkéa Samsic

A equipa francesa aterra em Itália com um conjunto de corredores que não entusiasma. Liderados por Warren Barguil, que tenta completar a trilogia de vitórias nas três grandes voltas — venceu duas vezes no Tour em 2017 e duas vezes na Vuelta em 2013 —, têm como objetivo o triunfo em etapa. A preparação do francês foi prejudicada devido à Covid-19, por isso veremos como reage com o passar dos dias.

David Dekker, sprinter neerlandês ex-Jumbo de 25 anos, ainda não conseguiu ganhar com a camisola da Arkéa mas tem aqui um voto de confiança e vai ser o foco da equipa nas etapas ao sprint.

Maxime Bouet é o capitão da equipa composta por Michel Ries, Clément Russo e Alessandro Verre, que estarão focados no suporte a Barguil, e Thibaut Guernalec e Alan Riou, os lançadores de Dekker.

Bitaite falso plano: Volta Quintana, estás perdoado.

Team Corratec

Team Corratec

A equipa Pro Continental italiana faz a sua estreia no Giro. O líder é o italiano Valerio Conti, que andou de rosa durante seis dias em 2019.

German Nicolás Tivani e Attilio Viviani são corredores com uma boa ponta final e podiam infiltrar-se em múltiplos top-10 mas acabaram por sair da lista final.

Os restantes elementos da equipa são jovens e inexperientes: Nicolas Dalla Valle, Stefano Gandin, Alessandro Iacchi, Alexander Konychev, Charlie Quarterman, Veljko Stojnić e Karel Vacek. Quem sabe se não poderemos ver um deles surpreender.

Bitaite falso plano: Talvez alguns prémios de combatividade.

Team DSM

Team DSM

A equipa mais jovem em prova, com média de idades abaixo dos 26 anos, apresenta-se em Itália focada em vencer etapas.

Alberto Dainese, que conta com um comboio muito interessante, procura repetir a vitória conseguida na última edição. Marius Mayrhofer, que se estreou este ano a ganhar no WT, na Cadel Evans Great Ocean Road Race, também é bastante rápido e é uma alternativa viável quando o italiano não conseguir passar as dificuldades. A escolta dos dois nomes referidos é garantida por Jonas Hvideberg, Niklas Märkl, Florian Stork e Martijn Tusveld.

De olho nas fugas estarão Andreas Leknessund e Harm Vanhoucke.

Bitaite falso plano: Dainese vai salvar a honra do convento novamente.

Team Jayco AlUla

Team Jayco AlUla

A Jayco AlUla aterra em Itália com dois objetivos em mente: a terceira vitória WT do ano e uma boa classificação geral com Eddie Dunbar.

O irlandês, ex-INEOS, há muito anunciado como líder da equipa para o Giro, teve a sua preparação interrompida devido à queda na Volta à Comunidade Valenciana mas encontra-se já em boa forma tal como comprova o seu sólido 9.º lugar na Volta à Romandia.

Michael Matthews, que já venceu duas etapas e envergou a maglia rosa em 2014 e em 2015, é a grande figura da equipa e vai tentar triunfar pela primeira vez em 2023. A maglia ciclamino também é um objetivo realista para o Bling.

A turma australiana conta com dois italianos: Alessandro De Marchi, o capitão de estrada, e o jovem campeão italiano, Filippo Zana. Os outros elementos são Michael Hepburn, Lukas Pöstlberger, Callum Scotson e Campbell Stewart.

Bitaite falso plano: Etapa para Bling Matthews mas sem chance na maglia ciclamino.

Trek - Segafredo

Trek - Segafredo

A Trek vinha com a expectativa de lutar pelo pódio com Giulio Ciccone mas teve de mudar os planos devido à Covid-19. A equipa centra-se então apenas em torno de Mads Pedersen que, depois de conquistar a camisola verde na última Vuelta, quer repetir o feito, desta vez em Itália. O dinamarquês já conquistou duas vitórias esta temporada e apesar de não o ter conseguido nas clássicas de primavera, foi um dos melhores e mais regulares no pavé. Parte como grande favorito à conquista da maglia ciclamino e, tendo em conta a concorrência, poderá limpar múltiplas etapas.

Bauke Mollema vai estar atento às oportunidades para conquistar uma etapa e completar a trilogia de vitórias em grandes voltas — já venceu em Espanha em 2013 e em França em 2017 e 2021. Toms Skujiņš também estará atento nas etapas com alguma dureza.

Daan Hoole, Alex Kirsch, Otto Vergaerde e os eritreus Natnael Tesfatsion e Amanuel Ghebreigzabhier formam o resto do bloco.

Bitaite falso plano: Três etapas e maglia ciclamino para Mads Pedersen.

UAE Team Emirates

UAE Team Emirates

O melhor fica sempre para o fim. A UAE Emirates, liderada por João Almeida, apresenta um bloco interessante e que permite sonhar com o pódio e até mesmo com a maglia rosa. O português está a fazer uma temporada de sonho: 2.º no Tirreno-Adriatico, apenas atrás de Roglič e 3.º na Volta à Catalunha atrás de Roglič, mais uma vez, e de Evenepoel.

Jay Vine, Brandon McNulty, Davide Formolo, Alessandro Covi e Diego Ulissi são corredores com estatuto e que têm, obviamente, ambições pessoais. Veremos o que irá pesar mais na balança do ego ao longo das três semanas. Será o grau de dedicação ao seu líder — que não se chama Tadej Pogačar — mais forte do que a vontade de procurar a glória individual em etapas? Cabe ao João, na estrada, convencer os seus companheiros de que o sucesso é possível.

Não se entende a inclusão de Pascal Ackermann nesta seleção. Mais nenhuma equipa que luta pela geral leva um sprinter. Isto é uma prática movistariana. O sul-africano Ryan Gibbons completa o roster da UAE.

Bitaite falso plano: Maglia rosa para João Almeida que também se estreia a vencer uma etapa numa grande volta, arrasando a concorrência na etapa do Monte Bondone.