4 hot takes para 2025

4 certezas para 2025.

4 hot takes para 2025

Jonathan Milan vai ser o melhor sprinter do mundo

A Lidl - Trek confirmou há uns dias aquilo que se antevia: Mads Pedersen vai participar no Giro e na Vuelta e Jonathan Milan vai ter, finalmente, a oportunidade para debitar watts na Volta a França.

O ciclista transalpino de 24 anos explodiu em 2023, ainda na Bahrain, durante o Giro d'Italia — good old times, quando ainda só custava 200 na Cycling Fantasy App. Venceu uma etapa e terminou outras quatro no segundo posto, o que lhe valeu uma vitória folgada na luta pela maglia ciclamino. Este sucesso valeu-lhe um contrato na Lidl - Trek, num conjunto com uma maior aptidão para etapas ao sprint e clássicas.

Encaixou que nem uma luva nesta equipa e consolidou-se como um dos melhores sprinters do pelotão, primando pela sua potência e consistência. Acabou por desiludir nos Monumentos mas brilhou noutras clássicas apesar de não ter conseguido conquistar nenhuma — vencerá a Milano-Sanremo um dia, se Pogačar quiser. No Giro voltou a conquistar a camisola dos pontos, desta vez com mais de 100 pontos de vantagem para Kaden Groves, vencendo três etapas e ficando em segundo noutras quatro. Empatou 3-3 com o arquirival Tim Merlier, que nesta temporada também irá participar no Tour.

Assustador. (imagem: Velon CC)

Depois de duas temporadas a maturar com a maglia ciclamino vestida, Jonathan Milan está pronto para ir à Champions League dos sprinters e bater-se com a nata da nata dos velocistas, que é como quem diz, Jasper Philipsen, Tim Merlier, Biniam Girmay e Davide Cimolai. É a minha aposta para conquistar a maillot vert e festejar nos Champs-Élysées.

Este vai ser o melhor Critérium du Dauphiné da última década

As últimas edições não têm sido más — a melhor foi em 2021, quando Mark Padun encarnou Raúl Alarcón e venceu as duas derradeiras chegadas em alto de forma autoritária — mas esta será a primeira vez que teremos o privilégio de assistir ao duelo Pogačar vs Vingegaard na antevisão da prova rainha do ciclismo. É preciso recuar aos tempos de Froome vs Contador para termos dois voltistas geracionais presentes no Dauphiné.

Estes dois super-atletas são garantia de espetáculo e nunca deixam as nossas (altíssimas) expetativas goradas. Com estilos distintos, complementam-se um ao outro e, goste-se ou não do estilo de cada um — Pogačar romântico em demasia, Vingegaard exageradamente robótico — não falham em dar espetáculo. São dois vencedores que vendem muito cara a derrota e nunca se rendem. Dão tudo.

O nosso foco não estará apenas nos líderes da UAE e da Visma mas também nos seus colegas de equipa, que deverão ser praticamente os mesmos que estarão na Volta a França. Será interessante ver como se apresentarão fisicamente e como se comportarão tacticamente como bloco. Que este aperitivo do Tour permita criar um hype desmedido para o já sexto mano a mano — esta rivalidade começa a ganhar contornos ao nível de Messi vs Ronaldo. Até ver, o esloveno vence pela margem mínima: 3-2. Que os deuses do ciclismo sejam bondosos e permitam que ambos evitem percalços no seu trajeto até Junho chegando a esta fase da época na sua melhor forma.

Paul Magnier vai ser o corredor mais vitorioso da equipa

Este jovem francês é o mais recente sprinter a despontar na Quick-Step, que é como quem diz, aproveita agora para ganhar, que depois é para encher a conta bancária — quando terminar o contrato pira-se para ganhar o quádruplo e outro virá tomar o seu lugar, com resultados semelhantes — é esta a filosofia desta estrutura. Além da sua enormíssima qualidade e da propensão da equipa para trabalhar bem nestes terrenos, há outros fatores que fazem com que eu acredite piamente que será o recordista de vitórias do Wolfpack em 2025.

Paul Magnier fechou a temporada com chave de ouro: hat-trick no Tour of Britain. (foto: Simon Wilkinson/SWpix.com)

Tim Merlier foi o sprinter mais vitorioso na época transacta: somou 16 triunfos, sete deles no World Tour. Mas neste ano julgo que terá dificuldades em chegar aos dois dígitos: o Tour não é o Giro, e duvido muito que consiga encher outra vez o saco no UAE Tour — venceu três (!) na última edição.

Remco Evenepoel, a estrela da equipa, venceu "apenas" nove. Em Dezembro, atropelou a porta de uma van de uma distribuidora e só voltará a competir nas Ardenas. Esta preparação inadequada aliada ao facto de ir ao Tour embater com dois portões chamados Pogačar e Vingegaard, vai tornar praticamente impossível a tarefa de manter ou superar o registo de 2024.

Paul Magnier vai começar a temporada em casa, na Etoile de Bessèges, onde deverá disputar cerca de duas ou três etapas. Segue-se uma visita de estudo a Portugal, uma boa a oportunidade para esturrar o dinheiro que os avós lhe deram no Natal nos casinos da Figueira e de Vilamoura, além de poder apanhar a sua primeira bebedeira na Praia da Oura, com a benção do ex-colega de equipa Julian Alaphilippe. Neste intervalo de tempo não espero nada menos do que quatro triunfos e 27 shots de Coffee Patrón.

O resultado brilhante (foi segundo) na Clássica da Bretanha, uma das clássicas mais longas do WT, deixa-me muito curioso para ver como se aguenta em corridas com esta quilometragem. Em princípio participará na Milano-Sanremo e na Gent-Wevelgen, ou seja, tenhamos muita atenção. O puto é rápido, muito rápido, e vai somar vitórias nas etapas ao sprint e em clássicas menos cotadas, onde irá amealhar valiosos pontos UCI para a sua equipa.

António Morgado vai conquistar uma clássica WT

A primavera de Morgado na última temporada foi espetacular. O segundo lugar na Le Samyn — roubadíssimo no photo-finish — e o quinto lugar na Volta a Flandres, onde trabalhou que se fartou para o líder Nils Politt, são resultados anormais para um neo-pro de 20 anos com bigode farfalhudo.

As nossas expetativas aumentaram (ainda mais), mas a segunda metade da temporada acabou por ser um autêntico fiasco — voltou a desiludir no Tour de l'Avenir; e nos Mundiais de Zurique, na prova sub-23, acabou por terminar apenas no vigésimo posto. Foi Morgadinho. Este resfriar do Morgadão pode ter sido benéfico no sentido de ele próprio ter conhecido melhor os seus limites e as suas fraquezas. Se conseguir melhorar o seu posicionamento e tomar sempre um bom pequeno-almoço, não tenho dúvidas de que vai conseguir assumir-se como um dos melhores classicómanos desta geração.

António Morgado em 2027. (foto: CorVos)

Vai começar a temporada em Espanha, com uma sequência de clássicas onde terá vários percursos ao seu jeito e startlists que não assustam. Acredito que vai picar o ponto aqui, antes de partir para o (nosso) primeiro grande objetivo da temporada: a Figueira Champions Classic. Segue-se a Volta ao Reino dos Algarves, antes de arrancar para um roteiro de cervejas artesenais no norte da Europa. Este ano o foco será em clássicas e corridas de uma semana, as Grandes Voltas, ao que tudo indica, vão ter de esperar até 2026 para contar com o futuro vencedor da Volta a Flandres.

Apesar da equipa se ter reforçado com dois craques para o bloco de clássicas — Jhonatan Nárvaez e Florian Vermeersch são topo de gama nestes terrenos — acredito que António Morgado terá as suas oportunidades para brilhar nas fases decisivas destas corridas, aproveitando a marcação aos seus colegas mais cotados, como Politt, Wellens e os dois reforços supracitados. Vai voar (alto) debaixo do radar.